domingo, maio 28, 2006


Beija-me. Não te peço mais, apenas um beijo. E nesse beijo tu és meu, pertences-me.
E eu desejo tanto que faças parte de mim, de quem sou, de quem queria ser...E nesses segundos, curtos, escassos, tu serias meu. Sei que pertences a um universo paralelo, e eu não conheço os túneis que conduzem ao teu espaço, ao teu tempo.
Recordo-me de um passado em que esta minha ânsia foi cumprida, através de uns beijos infantis trocados numa sala de aula. Mas essa idade fugiu, e agora resta-me a memória do futuro que continuo a esperar.
Beija-me.
E depois, os teus olhos dizem que me amas, eu sorrio e sou feliz.
Julho, 2005
(Paralelismo cínico do que não quero repetir).

sexta-feira, maio 26, 2006

Incoerências de quem sente

De alma cansada e pesada o que deixo são palavras soltas.
Textos incoerentes - como a minha alma e o meu coração.

-> A anatomia enganou-se.
O coração não bate para nos manter vivos.
O coração bate para lembrar quem nos faz viver.

-> Hoje eu vi o meu passado.
Sentado à minha frente.
A sorrir para mim.

-> Não foi bom. Não foi mau.

-> Como se uma estranha eu fosse olhavas para mim e fingias sorrir.
Ar de espanto e desalento mostravas tu.
Ar de quem foge da vista e se esconde na sombra de outro alguém.

-> Mas de quem tens medo afinal?
De mim...Ou de ti?

quarta-feira, maio 17, 2006

O interesse é ser

Compulsões de quem vive. Sou uma vivedora compulsiva! Para quê a negra sombra que sempre me acompanha, se o Sol continuamente brilha?
"Faz parte". Pois faz. Mas o conformismo nunca foi o meu forte. Abstracção de facadas fictícias de ontem para um sorriso sincero, uma gargalhada estrondosa, minha, só minha!
E adorei o facto de me saber sorrir, com os lábios, com os olhos, com a alma.
Colori-me no livro da vida. Roupas berrantes, com rosas e laranjas gritantes de tudo o que me falta sentir. Não esgoto o que em mim permanece latente, à espera, à escuta do sinal que me sacudirá para o lado de lá do vidro, o lado onde tudo acontece. Onde não existem cobardes com medo de chorar, rir, gritar, amar, viver, morrer. Vidro...metáfora difusa do interposto entre mim e o Mundo.
Vou viver enquanto puder. Enquanto me for permitido ser, transpirar todo o meu "eu" por cada gesto da minha mão, cada olhar lançado a outro, cada beijo apaixonado de uma qualquer entrega, efémera ou perene, não interessa.
O interesse é ser.
Abrir ao Mundo o que de melhor e pior escondo, tudo o que ele me pede e lhe recuso. Porque senão, o que será Dele?
Hoje acordei, sorri e disse: "queres conhecer-me?".
" E eu não sei viver a preto e branco, não..."- Susana Félix

segunda-feira, maio 15, 2006

domingo, maio 14, 2006

Carrocel


A minha vida é um carrocel.
Voltas e voltas, em torno d um eixo imutável, objectivo enterrado em mim, que me trazem a um mesmo posto de espera, para uma nova volta no círculo interminável da procura.
E a vida é um carrocel.
Estagnação estática rodopiando no meu cavalo. E não saio do mesmo lugar. (Estes pensamentos lembram-me um anúncio a pensos higiénicos....Decadência!).
Que um dia o meu cavalo descarrile, e eu salte disparada para a acção de um outro filme, uma película que não termine com o trivial "e viveram felizes para sempre".
Não gosto de mentiras.
(Imagem retirada do Google)

domingo, maio 07, 2006

A noite foi quente, embora tremesse de frio. Lembraste? Eu sim.
Continuo transparente, como há meses escrevi. E isso continua a deter-me, a impedir-me de avançar, a estagnar-me no que ficou lá, num qualquer espaço longínquo, na Lua que procurámos e não vimos, pois só estrelas brilhavam naquele céu. Tão meu, e que foi nosso.
E a noite, sempre. Releio-me, repasso frases de outros "eus" meus, outras vidas nesta minha, tua, vossa.
Neste alguém que sou porque me fazem ser.
E continuamente procuro, insónias de quem já não dorme com medo de sonhar. Respiração alterada, ofegante, aceleração cardíaca de um músculo especial, aquele que bombeia sangue a todas as minhas células, para que eu viva.
Ingiro comprimidos mentais, anti-depressivos etéreos que permitem que a carapaça de palhaça cubra encarecidamente as partes fragmentadas de uma alma nunca una.
A descrença estende-me a mão...que eu agarro afincadamente para não cair no abismo de mim, na sombra negra que emano do meu olhar claro, quando recordo.
"Não penses nisso". E eu não penso.
Mas sinto.

quarta-feira, maio 03, 2006

Ornatos Violeta...afogo-me em letras que traduzem o que a minha alma não escreve. Ouço amores, dores, anseios e loucuras na voz de Manuel Cruz, palavras que poderiam ser minhas, mas que eu não queria. Não.
Roubaram-me parte do coração. Como é possível, se o não tenho? Fria, chamam-me. E agora....derreti quando uns lábios mornos tocaram os meus.
Lateja em mim, na minha cabeça, no meu peito, em algo ainda mais dentro, mais fundo, uma dor de sonho caído. Mas que sonho? Quando o ergui?
Num dia, numa hora, num minuto. Aquele minuto. Não o encontro. Se o encontrasse, não construia alicerces para o que viria a ser um castelo sonhado.
Derrubado, como um castelo de areia que uma criança com um simples balde eleva na praia, e que as ondas gélidas tocam...como um "não" toca quando o "sim" queremos ouvir.
Como me dei assim, porque me dou assim, logo, tanto? Devia evitá-lo, manter distâncias quando proximidade procuro, fechar-me em mim quando quero ser, ter, dar, receber.
Mas não sofrer. E no fim, pagamento com juros de carências que não matei.
Não evito, porque sou eu. Fui eu. Só.
Enfim..."Fala FIM mas com determinação".
E falaste. Disseste "Não".
"Bastava um dia p'ra mostrar quem sou
Embore ignore agora com quem vou"...-Ornatos Violeta
(Exageros grandes de alma pequena. Ou maior. Minha)

terça-feira, maio 02, 2006

Tale as old as time
True as it can be
Barely even friends
Than somebody bends
Unexpectedly

Just a little change
Small, to say the least
Both a little scared
Neither one prepared
Beauty and the Beast

Ever just the same
Ever a surprise
Ever as before
Ever just as sure
As the sun will arise

Tale as old as time
Tune as old as song
Bittersweet and strange
Finding you can change
Learning you were wrong

Certain as the sun
Rising in the east
Tale as old as time
Song as old as rhyme
Beauty and the beast

Filme "A Bela e o Monstro"

Hoje a minha infantilidade acentua-se.
Figuras ingénuas num corpo de mulher.
Incoerências de uns, lágrimas de outros.
Mas amanhã, vou estar melhor.
Eu sei que sim.