quinta-feira, julho 06, 2006

Dr. Jekyll e Mr. Hyde....

Deslindo subterfúgios que me sobram para justificar o que de efémero não existe em mim. Algo permanece, tão imutável e presente como antes.
E no emaranhado de efemeridades que baptizam a minha existência, por agora tão vã, este pilar de perenidade enraíza o que de mim desconheço. Está lá longe, fora de mim, mas tão meu. Não vislumbro os contornos, não sinto o seu cheiro, o seu toque, mas sonho texturas e aromas de sempre, e eternos.
Por ora, não vou nas brumas olvidar o deslindável tesouro.
Pertence-me. E o que é parte de mim, a mim (re)torna.
(Quem fala não sou eu, a Efémera. É a outra. A de ontem).

sábado, julho 01, 2006

Por uma semana

Consegui sair desta sala, do cubículo minúsculo onde habito, onde vou contra paredes que não se querem destruir, ruir para que eu possa correr para o Mundo onde o ar é limpo, rico em oxigénio, onde os meus pulmões se enchem de tudo o que me faça viver.
Consegui.
Por uma semana, respirei o que mais me dá prazer, apanhei o comboio certo que me levou à estação pretendida, sem atrasos nem erros de direcção. Fui feliz.
Sozinha. Mas feliz.
Deleitei-me com tudo o que me fascina, rodeei-me de sons, letras, cinema, Sol, Noite e paz.
Uma semana, mas tão cheia, tão preenchida de mim, sem máscaras nem trajes surripiados a outros para fingir estar bem. Eu ESTIVE bem!
Por uma semana, a parede caiu. A barreira não se impôs para que a moça sorrisse acanhadamente à janela da existência. Ri-me. Muito!
E agradeço a autorização de mim para mim, por cada uma das gargalhadas de pura felicidade que o meu olhar espalhou pelo céu do Mundo cá fora, aquele que só me via de frente por momentos fugidios...Nunca uma semana completa.
Se temos no Tempo crédito limitado para a felicidade, gastei já muito. Esbanjei, sem nenhum pudor, aquela invasão no peito de algo transcendente e tão belo, denominado "felicidade", "ilusão", "quimera", eu sei lá...Chamem-lhe o que quiserem.
Eu quero acreditar que o crédito é infinito....Que a minha conta não fecha por débito de sorrisos.
Mas...Por mera precaução, vou sorrir, gargalhar sempre que o meu ego assim o exija.
Obedecer-lhe-ei, cegamente.
Não quero dever nada, nem ao Tempo, nem a mim.