Vagueia pelas ruas, que de tão suas, conhece de cor. O cheiro, o tacto, o sabor de cada perfume que foge de uma janela aberta, apressado, fugaz, e lhe roça as narinas lembrando-lhe a infância, perfumada por fragrâncias-filhas da que agora inala.
Prossegue o seu caminho. Ela contorna a esquina onde antes o Sr. João tinha a sua mercearia. João? Ou seria José?
Não se lembra..foi na sua infância, e a infância já não está perto, a infância de fragrâncias doces.
Pára agora em frente à sua escola-primária. Sua. Possessão utópica. O portão não é igual. Antes vermelho e ferrugento, rangendo a cada empurrão traquina de crianças desassossegadas, ansiosas por chegar ao parque e apanhar um baloiço...Só havia três!
Agora, o portão não range, não fala, não conta histórias. É novo, como novas são as paredes da "sua" escola, como novo é o chão onde outrora fazia buracos para jogar "ao berlinde" com os rapazes. O chão agora é de cimento, frio, impérvio.
E já não conta histórias.
No seu passeio, ela encontrou a mudez, porque nada é de agora, tudo ficou na infância.
E essa, não está perto...A infância de fragrâncias doces...
(Imagem retirada do Google)