Consegui sair desta sala, do cubículo minúsculo onde habito, onde vou contra paredes que não se querem destruir, ruir para que eu possa correr para o Mundo onde o ar é limpo, rico em oxigénio, onde os meus pulmões se enchem de tudo o que me faça viver.
Consegui.
Por uma semana, respirei o que mais me dá prazer, apanhei o comboio certo que me levou à estação pretendida, sem atrasos nem erros de direcção. Fui feliz.
Sozinha. Mas feliz.
Deleitei-me com tudo o que me fascina, rodeei-me de sons, letras, cinema, Sol, Noite e paz.
Uma semana, mas tão cheia, tão preenchida de mim, sem máscaras nem trajes surripiados a outros para fingir estar bem. Eu ESTIVE bem!
Por uma semana, a parede caiu. A barreira não se impôs para que a moça sorrisse acanhadamente à janela da existência. Ri-me. Muito!
E agradeço a autorização de mim para mim, por cada uma das gargalhadas de pura felicidade que o meu olhar espalhou pelo céu do Mundo cá fora, aquele que só me via de frente por momentos fugidios...Nunca uma semana completa.
Se temos no Tempo crédito limitado para a felicidade, gastei já muito. Esbanjei, sem nenhum pudor, aquela invasão no peito de algo transcendente e tão belo, denominado "felicidade", "ilusão", "quimera", eu sei lá...Chamem-lhe o que quiserem.
Eu quero acreditar que o crédito é infinito....Que a minha conta não fecha por débito de sorrisos.
Mas...Por mera precaução, vou sorrir, gargalhar sempre que o meu ego assim o exija.
Obedecer-lhe-ei, cegamente.
Não quero dever nada, nem ao Tempo, nem a mim.