domingo, outubro 26, 2008

Dores...

O que me dói?
Dói-me o que não sinto, dói-me o que esqueci, e o que queria sentir. Doem-me as lágrimas que já não caem, mas que ainda me molham.
Dói-me o que não tenho e queria ter, dói-me o que já tive e nunca queria ter tido. Dói-me o que fiz, e principalmente, a cobardia do não feito.
Magoa-me a confusão em que estou, em que fiquei, em que me tornei.
Doem-me as mudanças que não pedi, e as linhas constantes do que queria mudar e não se alterou.
Dói-me o corpo, a cada toque tentado...doem-me as acções que não tomo e as reacções que não surgem.
Doem-me os ouvidos de tanto mergulhar na música que me entorpece o cérebro e mantém-me anestesiada e alheada do que me envolve....Só ela dentro de mim, não permite que memórias voltem e que tudo descambe. Só ela...O eterno alinhamento de sons e ritmos e distorções e ruídos e silêncios que me ocupam, toda, totalmente.
Toda a inevitabilidade do que vivi este ano me dói...em cada célula, em cada inspiração e expiração, este acto de respirar que é o único que me vai lembrando que estou viva.
E doem-me....no fundo, lá bem no fundo do que vou sendo, por enquanto, todas as saudades que este ano teimaram em se suceder. Elas. Saudades de pessoas, saudades de espaços, saudades de cheiros, saudades de abraços e saudades de beijos. Tudo bem sentido e misturado com uma boa dose de optimismo, aquele que sempre me falha, mas que sempre procuro nos cantos recônditos do que é a minha esfera.
Onde neste momento, apenas estou eu e as minhas dores...
Até aos próximos segundos em que tudo muda....novamente.